segunda-feira, junho 23, 2008

Um dia acordei do avesso

Um belo dia acordei do avesso.
Meus olhos possuiam um brilho claro
E quando despertei, todos eles mergulharam num profundo breu.
Os sons da janela semi-aberta, a cortina aquecida pelo sol negro
E a eterna penumbra do meu quarto
Açoitaram meu coração e sentidos.
Ao cair de cara no chão cai de costas em flajelos de ferrões.
Mas o que é a dor quando não se enxerga a chaga?
De fato não me incomodavam os lampejos prateados
De meus sonhos falecidos.
Naquela escuridão, os clarões atingiam meu rosto como uma chuva de nuvens.
Quantas vezes, quantas frases longas que loucura nem delírio alcançam.
Podemos nós, quando tudo e nada fundem-se num profundo galho de brisa,
Podemos acordar como se tivessemos enfiado a cabeça no antônimo lado das coisas?
Frases longas.
Melhor encarar os fatos.
Um banho frio me faria bem.

João Miguel
Junho/08

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara... Eu, que não bebo, me senti embriagado acordando do avesso. Esse texto foi !..!, meu véio!
Abração!

Anônimo disse...

Pow, Juaum! Você só sabe escrever texto foda, meu velho! Me ensina isso? Como você consegue passar tanta sensação, tanta coisa com tão poucas palavras? Você tem o dom, cara. É isso. =)