quinta-feira, janeiro 17, 2008

Poesia

Me pus a falar alto
Nas ruas, às portas asperas
As velhas canções de Havana.
Que diziam o como e quanto
Te olho nos olhos e
Aceito teu olhar. Cálido de desejo.
E assim sou e velejo
Minha raiva e mágoa
Além do deserto de
Teu canto, maior
Tão maior que a imensidão
Da terra e do teu céu, amplo céu.

Me quis aclamar alto
Pelas ruas turvas, pelas curvas
Minha terra de ferro, meu berro errante
Que de ti só deseja que alto, exageradamente alto
Cante!

sábado, janeiro 05, 2008

Poesia

Que diabo de poeta
seria eu se
não soubesse o que digo.
Poesia é arte inacabada e
provém da incompletude.
Com ela eu rio
sem parar. Rio afora
sem parar, Subo o rio.
Chego à margem, toco o
rio.
Agua e pedra e planta do rio.
Cortinas de ramos
tristes transpassam
brio. Da
canção são
encarregadas as
aves-do-paraíso.
Sigo adiante, posso
sentir a
ponta de
meus dedos
Tocando a
água pura. Que se dissolve
em ondas crescentes de
circulos.
Ora, que diabo de poeta
seria eu se
não soubesse o que digo.
Poesia cutuca, machuca, pinica a
alma.
Transa, transa, em transe, em tranças.
Alma, Sigo o rio.
Alma.
Ébrio vazio.
À tua
margem, encosto meu corpo em seu leito.
Faleço em sono desperto:
Minh'alma
segue em
teu peito.

João Miguel