Vivemos hoje numa “sociedade de informação”. Ao nosso dispor, estão inúmeros meios de alcançar a informação, seja através de revistas, jornais, folhetos, cartazes. Parece irônico, mas há pessoas que diariamente estão em contato com esses meios, porém não podem usufruir de seu conteúdo.
Jaílson dos Santos, 40 anos, é funcionário de uma banca de jornal e revista numa quadra residencial de Brasília. Seu rosto já é familiar para muitos que moram na quadra e compram em sua banca. Afinal, ele trabalha a oito anos nesse local, tempo exato desde que deixou sua terra natal, o Pará, para tentar uma vida mais sustentável e segura. Ao seu lado, Gionete, 28 anos, esposa e companheira de trabalho, com quem não possui filhos ainda.
Jaílson veio para trabalhar a serviço de um sujeito a quem ele chama de “Seu Sebastião”, o proprietário do local. Ele diz fazer parte de uma continuação do negócio. “Essa banca já existe a mais de quarenta anos, só estou puxando a carroça adiante, sou apenas um funcionário” - brinca.
Quarenta anos. ”Seu Sebastião” mantém funcionários trabalhando todos os dias da semana em sua banca. E se para ele soa um bom negócio, para Jaílson é trabalho que não acaba mais. “Todos os dias chegam revistas novas, mas também saem várias outras, então todos os dias eu faço a distribuição dos exemplares que chegam, e a seleção dos que vão sair para a reciclagem. E ainda atender todos os clientes!” Tarefa que sua mulher o auxilía, conta Jaílson.
A proposta de um emprego fixo na capital fez Jáilson deixar o Pará, onde levava uma vida pobre, ajudando seu pai como comerciante. Porém ele diz que agora está mais satisfeito que antes, trabalhando a oito anos num mesmo lugar. Ganha um salário suficiente para manter um apartamento numa quadra residencial próximo de onde trabalha. ”Se eu morasse em outra cidade satélite, teria que tomar quatro ônibus por dia, dois na ida e dois na volta, então esse é um ponto positivo do meu trabalho”, ressaltou Jáilson.
“Não é que eu não goste de ler. Simplesmente não tenho tempo para isso!” disse ele. “Além disso, eu não tenho condições de comprar revistas tão caras.” E citou algumas revistas mais populares.
Com todas as tarefas diárias de coordenação da banca, mal lhe sobra tempo para aventurar-se numa leitura. Jáilson é um grande leitor de capas.
terça-feira, outubro 09, 2007
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Um comentário:
John, gostei muito deste texto, ele tem algo de jornalístico(???? porque será?). Acho que vc escolheu a profissão certa. Hein? Bjs
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